Na filosofia prevencionista para evitar
Acidentes Aeronáuticos, cuidados dos diversos aspectos que envolvem o Homem, o local
onde ocorre o voo e a própria aeronave, estabelece que, por princípio, todos os
acidentes aeronáuticos podem ser evitados. No caso específico da meteorologia,
que estuda o meio ambiente de atuação das aeronaves, pode-se afirmar que as
condições meteorológicas podem ser um fator contribuinte, mas nunca a causa de
um acidente, em virtude de estarem restritos aos horizontes das pesquisas
humanas. Desse modo, os acidentes aeronáuticos, cujo fator contribuinte foram
as condições meteorológicas, terão, como causa, a falha humana, ou seja, a
execução de planejamento de vôo deficiente e/ou o desconhecimento das
diferentes técnicas de vôo.
Os fenômenos que mais têm contribuído são:
-
Penetração
em cumulonimbus;
-
Efeitos
de turbulência;
-
Formação
de gelo; e
-
Visibilidade
reduzida.
A Meteorologia Aeronáutica tem por
finalidade proporcionar aos usuários, segurança e economia. Dentro de sua área
de responsabilidade, os serviços de meteorologia aeronáuticos, se preocupam,
principalmente, com os fenômenos que possam por em risco a segurança das
aeronaves. Para isto mantém um serviço de vigilância permanente e contínuo, que
difunde boletins sempre que está previsto ou tenha sido observado algum
fenômeno perigoso à aviação.
NEBULOSIDADE
A expressão mais importante dos
fenômenos físicos que se produzem na camada gasosa que envolve a Terra. É
constituída pelas nuvens, cujo caráter “visível” lhe confere a propriedade de
testemunho do tempo presente, porque sua forma, seu maior ou menor
desenvolvimento, sua altura e etc... são indicativos do estado atual da
atmosfera e, unicamente através de sua observação e classificação, é possível
obter-se a primeira avaliação do grau de estabilidade e agitação do ar. A
nebulosidade nada mais é do que a cobertura do céu por nuvens e nevoeiros acima
de 30 metros ou 100 pés.
NUVENS
Estágio
|
Altura da Base
|
Nome
|
ALTO
|
de 6
a 18 Km
|
CIRRUS
CIRROSTRATUS
CIRROCUMULUS
|
MÉDIO
|
de 2
a 6 Km
|
ALTOSTRATOS
NIMBUSTRATUS
|
BAIXO
|
de 30
metros a 2 Km
|
CUMULUS
STRATUS
STRATOCUMULUS
CUMULUNIMBUS
|
Nuvens do
Estágio Alto – 6 a 18 Km de altura.
As nuvens do estágio alto não
causam, comumente, problemas para a aviação, por não constituírem camadas
espessas, nem darem origem a precipitação.
CIRRUS
Constituída de cristais de gelo. É
na maior parte das vezes, bastante ralas. Devido a isso, estas nuvens são
levadas com grande facilidade pelos ventos e modelam-se segundo a direção das
correntes aéreas. São comumente denominadas “sentinelas avançadas das frentes”,
pois antecedem a sua chegada de 36 a 48 horas.
CIRROCUMULUS
Constituída por cristais de gelo e
gotículas superfundidas em quantidade menor. Sua presença no céu está
intimamente relacionada com instabilidade (turbulência) nos níveis superiores.
CIRROSTRATUS
Constituída por cristais de gelo.
Nunca é suficientemente espessa para ocultar completamente o Sol ou a Lua.
Nuvens de
Estágio Médio – 2 a 6 Km de altura.
Contrariamente ao que acontecem com
as nuvens do estágio alto, estas interferem nas operações de aeronaves em vôo.
ALTOCUMULUS
Nuvem branco-acizentada, constituída
por elementos arredondados em forma de bolas, seixos ou rugas, tendo,
geralmente, sobra própria. Compõem-se, quase que, invariavelmente, de gotículas
de água, podendo em temperaturas muito baixas formar-se de cristais de gelo. A
aeronave ao cruzar esta nuvem encontrará turbulência leve e moderada.
ALTOSTRATUS
É constituído por gotículas de água
ou cristais de gelo. Sua espessura é, na maior parte das vezes, suficientemente
densa para ocultar completamente o Sol ou a Lua. Uma das suas principais
características é a de apresentar precipitação em forma de chuva ou neve, quase
sempre de intensidade leve e moderada e de caráter contínuo. O vôo nesta nuvem
é suave.
NIMBOSTRATUS
Camada de nuvem cinzenta, muitas
vezes sombria com um aspecto embaciado em conseqüência de chuva e neve em seu
interior.
É constituído de gotículas de água,
cristais de gelo e flocos de neve. Pode se apresentar sob a forma de uma camada
baixa, de grande extensão horizontal de cor cinza escuro, com uma base muito
difusa, da qual cai precipitação contínua. Não causa turbulência, somente pouca
visibilidade se estiver voando abaixo da nuvem durante a precipitação.
Nuvens de
Estágio baixo – Superfície – 2 Km de altura
As nuvens de estágio baixo são, na
verdade, aquelas que maiores problemas causam à aviação, principalmente às
operações de pouso e decolagem, pois ocorrem desde os primeiros níveis acima de
superfície até, aproximadamente, 2000m.
STRATUS
Apresenta-se, geralmente, em forma
de uma camada contínua de cor cinzenta, ou, outras vezes, sob a forma de bancos
fragmentados. É, normalmente, constituída exclusivamente de gotículas d’água.
Sua base é suficientemente baixa para ocultar pequenos montes ou construções
elevadas. Sua transparência também é extremamente variável.
O stratus é a nuvem de ocorrência
mais baixa. Muitas vezes confundida com um nevoeiro, torna-se muito perigosa
para as operações de vôo, principalmente em se tratando de aeronaves
monomotoras operando VFR. É a nuvem que mais vezes provoca interdição de
aeródromo por teto baixo.
STRATOCUMULUS
Nuvens cinzentas ou esbranquiçadas,
tendo quase sempre partes escuras em forma de seixos, bolas, rolos, etc... É
constituído por gotículas d’água.
O stratocumulus pode, a exemplo do
stratus, causar condições de teto baixo por um período bastante prolongado,
principalmente, nas épocas mais frias quando pode ocorre em camadas
superpostas.
Com respeito à precipitação, o stratocumulus
dá lugar à chuva de intensidade fraca.
CUMULUS
Nuvens brancas, isoladas, geralmente
densas, de contornos bem definidos, desenvolvendo-se verticalmente em forma de
torre com bases sensivelmente horizontais.
Os cumulus são constituídos,
principalmente, por gotículas de água podendo formar-se de cristais de gelo nas
partes onde a temperatura seja inferior a 0ºC.
Com respeito ao desenvolvimento
vertical, os cumulus apresentam diversos estágios, desde a pequena dimensão
vertical, onde parecem achatados (cumulus de bom tempo), até os tamanhos
gigantescos (cumulus congestus), muito comuns nas tardes de verão. Estes
últimos provocam, freqüentemente, chuvas abundantes, em forma de pancadas, de
curta duração.
Uma das principais características
dos cumulus que pode torná-los perigoso para a aviação, é o fato deles
originarem-se sob o efeito de correntes convectivas, cuja intensidade é
suficiente para elevar aeronaves de pequeno porte a algumas centenas de metros
acima do seu nível de vôo, ou traze-las para baixo.
CUMULONIMBUS
Nuvem densa e possante, de
considerável dimensão vertical em forma de montanhas, ou de enormes torres. Sua
região superior pode desenvolver-se em forma de bigorna ou de um vasto penacho.
São constituídos por gotículas d’água e por cristais de gelo nas partes
superiores. Suas dimensões horizontais e verticais são tão grandes que a forma
característica de nuvem só é visível quando observada a uma distância
suficientemente grande da aeronave em vôo.
O aspecto sombrio e ameaçador dos
cumulonimbus são, habitualmente, aumentados pelos relâmpagos e trovões que
deles se originam. Pode ainda ser agravado por fortes pancadas de chuva, neve
ou saraiva. As correntes ascendentes e descendentes são extremamente violentas
e o vento de superfície, proveniente do espalhamento das descendentes, em
alguns casos, alcança mais de 100Km/h. Este vento forte na superfície pode ser
sentido antes da chegada do CB, podendo resultar em situação perigosa, quando
do pouso.
A presença de um CUMULONIMBUS em
determinada região deve ter divulgação imediata para todos os pilotos de
aeronaves que operam nas proximidades.
VISIBILIDADE
Se o ar se mantivesse puro e seco,
seria uma mistura de gases perfeitamente transparente, não causando maiores
problemas para a aviação, pois, principalmente o pouso e a decolagem seriam
efetuados com o máximo de segurança, não necessitando como em alguns
casos, do uso da técnica de vôo pro
instrumentos para essas operações.
Portanto, é
um fator importante para o piloto saber até que ponto poderá ver na decolagem,
durante o vôo e no pouso, pois disto depende a sua capacidade para identificar
pontos de referência e evitar obstáculos.
A presença de meteoros na atmosfera
reduzem o grau de transparência do ar, a um valor proporcional à intensidade
com que se apresenta, constituindo, em meteorologia, o fenômeno da
VISIBILIDADE.
Vários elementos reduzem a
visibilidade próxima à superfície, tais como: nevoeiro, névoa úmida, névoa
seca, poeira, fumaça e etc... A seguir, serão vistos os mais comuns:
NEVOEIROS
Nevoeiro é um dos mais comuns e
perigosos fenômenos meteorológicos encontrados na aviação, uma vez que, por
ocorrer à superfície, interfere fundamentalmente nas operações de pouso e
decolagem, intermeditando, comumente, o aeródromo para vôos VFR e IFR.
O nevoeiro consiste num aglomerado
de gotículas de água em suspensão, as quais são, em geral, suficientemente
numerosas para impedirem a passagem dos raios solares. Sua formação ocorre de
forma semelhante à das nuvens, isto é, com umidade relativa elevada e
suficiente quantidade de núcleos de condensação. Uma outra condição
indispensável é a ocorrência de ventos fracos.
Por convenção, o nevoeiro reduz a
visibilidade horizontal a um valor menor do que 1000 metros.
Para as operações de pouso e
decolagem das aeronaves, a redução da visibilidade por nevoeiros torna-se um
grave problema. Sua ocorrência determina operações com condições por
instrumento exclusivamente ou até mesmo interdita os aeródromos. Conforme a
intensidade do nevoeiro os órgãos de tráfego aéreo, em acordo com os tipos de
aeródromos e equipamentos, adota um padrão de operação. Deve haver especial
atenção na demora do processo de dissipação do nevoeiro que poderá ser superior
a autonomia de uma aeronave aguardando o aumento da visibilidade para o
recolhimento, e o envio desta aeronave para outro local de pouso deve ser
analisado com a máxima atenção, principalmente se a operação for de pousos em
navios, uma vez que o nevoeiro marítimo pode levar até dias para dissipar-se.
Em situação de emergência, deve ser testada a utilização do radar de direção de
tiro e de sinais luminosos flutuantes (pirotécnicos) lançados na popa do navio
de modo a formar uma linha de aproximação.
NÉVOA ÚMIDA
É um hidrometeoro semelhante ao
nevoeiro, extremamente tênue, com a diferença que as gotículas de água são mais
dispersas e, em geral, menores. A umidade é inferior à que ocorre com o
nevoeiro e a visibilidade horizontal é igual ou superior a 1000 metros.
NÉVOA SECA
Nome genérico aplicado aos
litometeoros, quando a visibilidade é de 1000 metros ou mais e a umidade
relativa é inferior a 80%.
A maior obstrução à visibilidade
causada pela névoa seca ocorre quando se olha na direção do Sol. Com efeito,
torna-se muito perigoso pousar uma aeronave na direção do sol, quando existe
esta condição.
CHUVISCO
É, de todos o tipo de precipitação,
o que maiores restrições causa a visibilidade horizontal e pode-se também dizer
no sentido vertical, porque esta precipitação é característica do Stratus.
Por convenção, o grau de intensidade
do chuvisco, relaciona-se diretamente com a restrição à visibilidade
horizontal.
TURBULÊNCIA
É definida pela agitação vertical
das moléculas de ar. Esta agitação provoca um vôo desconfortável, pois, o
deslocamento da aeronave neste ar agitado tem sua altitude alterada
seguidamente provocando variações na sua sustentação. Seu grau de intensidade
pode vir a ser superior ao limite estrutural da aeronave, podendo provocar
acidentes.
A turbulência pode ser provocada por
uma série de razões. E a seguir será descrito algum tipo de turbulência:
Dentre os tipos de turbulência, a mecânica é a que mais
comumente se observa na operação a bordo, e é devida à perturbação do fluxo de
ar gerada pela superestrutura do navio. É, em parte, baseado nos efeitos da
turbulência no desempenho das aeronaves, que são calculados os envelopes de
vento relativo para pouso a bordo. A turbulência mecânica também afeta
operações de pouso e decolagem em terra, quando há presença de obstáculos
próxima à pista. Esta turbulência ocorre a sotavento dos elementos
obstruidores. Quase sempre este fenômeno não pode ser detectado devido a não
existência de elementos visíveis que o denunciem.
A turbulência térmica é encontrada no verão, especialmente à
tarde sobre os continentes, embora possa ser encontrada em qualquer outra
ocasião e lugar, bastando para isso que exista uma superfície aquecida capaz de
originar correntes ascendentes. Este tipo de turbulência pode se identificada
pela presença de nuvens cumulus cujo desenvolvimento é provocado por elas.
Assim, pode-se estabelecer até que altura a turbulência existe, pois elas
terminam no topo dessas formações de nuvens. Uma outra forma de se identificar
convectivas térmicas é pela presença de aves voando em círculos sem usarem suas
asas para se elevarem no ar. Estas aves conhecem perfeitamente onde podem
manter sua sustentação utilizando este fenômeno.
Um conhecimento das principais causas da turbulência e o
comportamento irregular dos movimentos do vento ajuda no planejamento das
operações de vôo, a encontrar um modo de evitar ou amenizar os efeitos da
turbulência.
FORMAÇÃO DE GELO
Este é um problema sério para a aviação,
pois a formação de gelo influi no comportamento geral da aeronave alterando seu
perfil aerodinâmico, reduzindo sua potência, interferindo nas indicações de
instrumentos, etc.
Sempre que uma aeronave voa em níveis onde as condições são
favoráveis, ocorre formação de gelo, especialmente em áreas que recebem
impactos diretos de gotículas de água resfriada, como nos bordos de ataque,
pára-brisas, pitot, etc. A formação de gelo nos bordos de ataque, por exemplo,
modifica a aerodinâmica, aumentando a resistência ao avanço e diminuindo a
sustentação.
Nas pás das hélices e rotores este fenômeno diminui a sua
eficiência chegando a produzir desequilíbrio e conseqüente trepidação perigosa.
Nos pára-brisas o fenômeno não chega a ser crítico, exceto
se acontecer no pouso, quando dificulta a visualização necessária.
Três condições são necessárias para a formação de gelo, mas
só serão suficientes se ocorrerem simultaneamente.
-
Temperatura
conveniente;
-
Água
em estado líquido; e
-
Catalisador.
TEMPERATURA CONVENIENTE
Experiências mostram que o gelo
ocorre, com maior probabilidade, entre as temperaturas de 0º e –10ºC, sendo que
na temperatura de – 3ºC ocorre a máxima formação.
OBS: Quanto mais baixa a temperatura,
menor a quantidade de umidade e menor será a quantidade de gelo formado.
ÁGUA EM ESTADO LÍQUIDO
Na atmosfera, menor a quantidade sob a forma de
precipitação, nuvens, nevoeiro e névoa.
CATALISADOR
É o elemento que promove o início de uma reação ou modifica
a velocidade como a mesma se processa.
Neste caso, o catalisador é o próprio helicóptero que
funciona em caráter duplo, isto é, tem característica mecânica durante a
colisão com as gotas d’água e tem características de núcleo sublimante após a
colisão.
Evitar o gelo é suprimir uma dessas condições. Uma vez que o
helicóptero não pode ser suprimido, evitar vôo em nuvens e precipitações quando
voar no nível entre 0º e –10º C, ou evitar voar entre as temperaturas de 0º e
–10ºC quando as condições de vôo forem IMC.
A formação de gelo ocorre sempre que existirem as condições
favoráveis. A atmosfera tropical, rica em vapor de água, é própria para grandes
formações de nuvens e é, portanto um campo ideal para formação de gelo em
aeronave.
A estabilidade e a instabilidade do ar determinarão os tipos
de gelo que ocorrerão. Em atmosfera instável, a presença de grandes gotas de
água super-resfriadas facilitarão ocorrências de gelo claro enquanto em ar
estável o favorecimento é de gelo escarcho. Estas condições são agravadas
quando se verificam em regiões montanhosas, uma
vez que o levantamento de umidade por efeito mecânico favorece a
presença de maior quantidade de água em altitude. Da mesma forma os efeitos e
resfriamento provocados por essas convecções contribuem para um agravamento do
problema.
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