Conservar a saúde em bom estado será
requisito de especial importância, quando alguém se encontra em situação de
sobrevivência em acidente de aviação.
Situações pós impacto do helicóptero
Hemorragias
Ao
apresentar-se um caso de hemorragia, colocar uma compressa esterilizada
diretamente sobre a ferida e comprimi-la com a mão, ou por meio de ataduras
firmemente colocadas. Se a hemorragia
não ceder, o membro ferido deverá ser posto em posição mais elevada. O torniquete
ou garrote somente deverá ser usado quando se tratar de membro gravemente
ferido e quando a hemorragia não puder ser estancada
pela compressa de pressão ou seja, em casos extremos, procurar apalpar a
artéria mais importante da região ferida; se a localizar, comprimi-la com os
dedos, com a mão aberta ou fechada. O torniquete, pode ser aplicado em perna ou
braço, na coxa ou no antebraço, deverá ser colocado entre a ferida e o
coração. Os torniquetes
devem ser afrouxados
de 15 em 15 ou de 20 em 20
minutos. Se a extremidade do membro
tornar-se fria e de cor azulada, o torniquete deverá ser afrouxado com
freqüência, ao mesmo tempo em que os maiores esforços devem ser envidados para conservar a parte em tratamento tão quente e agasalhada quanto possível,
quando o frio for intenso. O
afrouxamento do torniquete deverá permitir correr o sangue durante alguns
segundos. Alerta-se que o processo de aplicação do torniquete já não é mais usado. Porém estamos
tratando de uma vitima em sobrevivência.
Fraturas
Os feridos com fraturas deverão ser
tratados com cuidado, a fim de que o seu sofrimento não seja aumentado e suas
lesões agravadas.
Não se deve remover a peça de roupa
que cobre um membro fraturado. Havendo
ferimento, cortar e retirar a peça e tratar a lesão (ou ferida) antes de
colocar as talas.
A roupa desprende-se com mais facilidade nas
costuras.
As talas poderão ser improvisadas de
peças e partes do equipamento, ou então de peças de roupas enroladas e bem
apertadas, ou ainda de galhos de árvores, bambus e outros acolchoados com
material macio. As talas deverão ser
suficientemente longas, de modo a abranger as juntas acima e abaixo da fratura.
O paciente deverá ser conservado
deitado e quieto, procurando-se não movê-lo desnecessariamente. Procurar manter, com as talas, a fratura bem
imobilizada. Não tentar, em hipótese
alguma, forçar os ossos partidos para a posição que seria normal.
Improvisar uma maca para o transporte
do ferido com duas blusas de instrução (gandola), cobertor ou macacão de voo
e duas varas.
Torceduras
Colocar as ataduras e manter em
descanso a parte afetada. A aplicação
imediata de frio, no lugar afetado, poderá evitar a inchação. Após diminuir a inchação (entre 6 ou 8 horas),
a aplicação de calor aliviará a dor. Pôr
a extremidade machucada em nível mais alto.
Se o uso do membro machucado for de todo necessário, imobilizar a
articulação afetada por meio de forte enfaixamento. Não havendo ossos fraturados, poder-se-á
fazer uso do membro afetado até o limite permitido pela dor.
Cuidados com a Saúde e Higiene
• Purificar a água e fazer a cocção
dos alimentos;
• Proteger-se do frio e do calor
intensos;
• Poupe suas energias descansando
regularmente, mas sem exageros;
• Mantenha sua roupa e corpo limpo
e seco;
• Não durma em contato direto com o
solo e nem muito próximo ao fogo; e
• Tenha cuidado com os pés e as
mãos mantendo-os sem ferimentos, pois, dependerá deles para deslocar e executar
trabalhos. Sempre que possível os pés deverão estar secos e limpos. Faça
massagens, ativando a circulação.
Cuidar dos Pés
Na selva, em princípio, só será possível andar a pé. Daí a
importância dos cuidados com os pés, os quais deverão ser mantidos limpos,
lavando-os e secando-os com a freqüência possível. Cuidados deverão ser
observados, particularmente durante as paradas para descanso prolongado.
As meias não deverão estar
rasgadas nem cerzidas e o calçado deverá estar sendo constantemente examinado;
o uso de meias finas de algodão é recomendável, pois elas absorvem a umidade,
permitem a evaporação, apresentam pouca deformação após secarem e, assim,
protegem melhor os pés do que as meias grossas de algodão, de lã ou de
nylon.
Calos ou calosidades não
deverão ser cortados, para evitar infecção.
Mantendo as unhas limpas e
curtas, poderá evitar unha encravada e a proliferação de microrganismos entre
elas e a pele.
Precaver-se
contra Infecções Cutâneas
A
epiderme é a primeira linha de defesa contra a infecção. Por isso, qualquer arranhão, corte, picada de
inseto ou queimadura, por menor que pareça, merecerá cuidado; deverá ser
aplicado anti-séptico. As mãos não
deverão tocar a parte afetada, o ferimento deverá ser mantido protegido da
melhor forma possível.
Conservar
Limpos o Corpo, a Roupa e o Local
l) A limpeza do corpo é a
principal defesa contra os germes infecciosos. As unhas devem ser mantidas
cortadas para evitar o desenvolvimento de parasitas entre elas e a pele.
2) Um banho diário, dedicando-se
principalmente especial atenção à higiene das partes dobradas será ideal. Se não for possível, a limpeza deverá ser
mantida, particularmente das mãos, rosto, axilas, virilhas e pés.
3) Dentes e boca deverão ser
limpos.
4) As peças do vestuário,
mantidas limpas, ajudarão a proteger contra infecções cutâneas e parasitas, em
caso de dificuldade de lavá-las, deverão, sempre que possível, ser sacudidas e
expostas ao ar livre. O uso de cuecas justas deve ser evitado, pois nas
proximidades das virilhas poderá provocar assaduras.
5) No caso de um grupo, será
interessante que os homens se inspecionem mutuamente, corpo e roupa.
6) Uma área deverá ser um lugar limpo, que não haja animais e insetos. Normalmente, um igarapé (riacho) e para sua utilização deverá ser
dividido em seções: a montante, água para beber
e cozinhar; a seguir, água para
banho, água para lavagem de roupa e, por fim, água para qualquer outro uso, a
jusante.
Evitar Doenças Intestinais
Doenças intestinais são
aquelas causadas por germes existentes nas fezes e urina ou por alimentos e
água contaminados. As principais doenças intestinais são as disenterias (amebiana e bacilar), a diaréia, a cólera, as intoxicações e infecções alimentares, as infestações
helmínticas (vermes) e as febres (tífica, paratífica e ondulante). Para evitar essas doenças deverão ser
observadas as seguintes medidas:
l) Proteção e Purificação da
Água - Toda fonte de água deverá ser cuidadosamente protegida da contaminação
pelos detritos humanos ou animais, Sempre que possível, purifique a água do cantil que for obtida na
selva, mesmo aquela colhida dos igarapés, pois estes também são fontes de água
para os animais que podem contaminá-los com fezes e urina.
Caso se deseje purificar essa água ou
mesmo a proveniente de outras fontes, deverão ser usados os comprimidos para
esse fim destinados, os Hipoclorito (Halazone
e outros a base de cloro) para,
então, poder ser bebida. Outro processo
de purificação será o de ferver a água. A água utilizada em bochechos e limpeza
da boca (escovar os dentes) deverá ser purificada pela fervura ou pelo
comprimido de Hipoclorito. Deve ser evitada a utilização de água obtida em
fontes paradas, pois este é um ambiente propício ao desenvolvimento de amebas
de vida livre que não são combatidas pelos purificadores.
Evitar Outras Doenças Transmissíveis
Além das doenças intestinais, merecem
atenção especial aquelas transmitidas por insetos e parasitas, as contagiosas
e outras.
a) O uso de mosquiteiros para dormir
ou proteger as partes expostas do corpo será útil, bem como o de luvas; o
emprego de repelentes será também uma boa medida de proteção.
b) Estacionar em locais altos,
afastados principalmente de águas paradas, será outra medida.
c)
Dormir vestido, colocando as extremidades das calças para dentro dos canos das
meias ou bocas do calçado, será mais um meio de evitar picadas.
d) Se
forem utilizados tapiris, cabanas, ou palhoças, deverá ser feita antes uma
inspeção minuciosa nas frestas, onde costuma agasalhar-se o
"barbeiro", transmissor da doença de Chagas.
e) As picadas dos insetos provocarão
comichão e será preciso muito controle para não coçá-las, o que é aconselhável
para evitar sangrar e, desse modo, dificultar a propagação dos germes.
f) Outras
medidas de expediente poderão também ser seguidas, como untar as partes
expostas do corpo (mãos, rosto e pescoço) com lama (em casos extremos), em
substituição a repelentes e luvas, e acender fogueiras no interior dos abrigos.
Poupar Forças
A fadiga em excesso
deverá ser evitada. Quando se estiver
realizando algum trabalho que exija esforço físico ou um deslocamento através
da selva, deverá ser estabelecido um tempo para descanso; 10 ou 15 minutos para
cada hora de trabalho físico. O calor na selva é constante e implica, em
sudação excessiva. Em conseqüência,
alguns efeitos poderão prejudicar o sobrevivente.
Esses efeitos são:
Exaustão - Resultará da excessiva perda de água e de sal, pela
transpiração. Seus sintomas são palidez,
pele úmida, pegajosa e fria, náuseas, tonteiras e desmaios. O socorro consiste em que o indivíduo se
deite em área sombreada, mantendo-lhe os pés
mais elevados e as roupas afrouxadas,
dando-lhe de beber água fria e salgada. Cerca de um quarto de colher de
chá, ou equivalente, de sal puro, em um cantil (1 litro) de água. A solução deverá ser ministrada aos goles, a
intervalos regulares (2 a
3 minutos), pois, se tomada de vez, poderá ocasionar vômitos, estabelecendo-se
um círculo vicioso: vômitos - desidratação.
Câimbras
- Resultarão de um esforço físico que implique em demasiada sudação, sem que,
preventivamente, se tenha tomado uma quantidade suplementar de sal. Elas poderão atingir qualquer parte muscular
do corpo, sendo mais comuns nas pernas, nos braços e na parede abdominal. Freqüentemente haverá vômitos e
enfraquecimento. O socorro será o mesmo
indicado para a exaustão.
Insolação e Intermação - Aumentando a temperatura corporal acarreta
risco de vida para o indivíduo, se não for tratado. São situações graves, que
pode levar à inconsciência. Os sintomas são pele quente e seca, com ausência do
suor, dor de cabeça, náuseas e possíveis delírios. O mais
importante no socorro é abaixar a temperatura do corpo, o mais rápido
possível; o melhor modo de consegui-lo é mergulhá-lo em água fria, caso
contrário, o paciente deverá ser mantido à sombra, com a roupa removida,
derramando-se então bastante água sobre ele.
Este resfriamento deverá ser continuado, mesmo durante a
evacuação. Se consciente, o indivíduo
deverá beber água fria, salgada (como nos casos de exaustão ou câimbras).
Para proteção contra os efeitos,
algumas regras deverão ser observadas:
Uma vez constatado o excesso de suor,
deve-se beber água constantemente;
Aclimatar-se. Claro que esta regra
não terá aplicação para o indivíduo que, de uma hora para outra, por acidente,
se encontrar numa selva. Usar sal, em quantidade extra, nos alimentos e na
água. Não se alimentar em
excesso. Vestir-se adequadamente. É uma regra difícil de ser seguida; se o
tecido for leve, estará sujeito a ser rasgado pela vegetação e, se grosso,
aumentará a sudação, embaraçará os movimentos e criará sensação de desconforto;
se a vestimenta proteger em demasia, dos pés à cabeça, dificultará a ventilação
e, caso contrário, facilitará o ataque dos animais miúdos (formigas, mosquitos
e outros) e os arranhões pela vegetação; enfim, será, em última instância, um
problema a mais de adaptação. Trabalhar à sombra. Regra fácil de seguir, pois a
selva é sombreada.
Precaver-se Contra Distúrbios Mentais
A sensação de medo é normal em homens
que se encontram em situação de perigo. Entretanto, outros já sentiram medo e,
conseguiram sair-se bem das dificuldades.
A fadiga e o esgotamento resultantes
de grandes privações poderão muitas vezes conduzir a distúrbios mentais,
manifestados sob as formas de temores graves, cuidados excessivos ou depressão.
O melhor modo de evitá-los será procurando descansar o máximo possível;
todavia, algumas atividades deverão ser mantidas; o bom humor será um tônico
real, pois é contagiante. Maiores atenções deverão ser dedicadas àqueles que se encontrarem física ou fisiologicamente doentes. Para quem quer sobreviver,
será fundamental evitar o pânico e este, na selva, representará o pior inimigo
a vencer.
Acidentes com animais peçonhento
Ofídios
Para tratar uma vítima de
empeçonhamento ofídico apenas a aplicação do soro antiofídico poderá anular o
efeito da peçonha. No entanto, somente
poderá ser realizado por pessoal habilitado, pois as complicações que podem
advir da soroterapia serão potencialmente mais fatais que a própria peçonha. O
tratamento médico realizado até seis horas após o acidente com ofídios
normalmente não deixa seqüelas e não é fatal em seres humanos (exceto nos
debilitados e nos que possuem pequeno peso corporal, como as crianças). Se a
inoculação da peçonha ocorrer em local muito vascularizado os riscos serão
maiores, pois os efeitos serão mais precoces.
Ações Imediatas numa Situação de Sobrevivência
- Manter o acidentado em
repouso.
- Limpar o local da
picada com água e sabão se possível.
- Elevar o membro afetado
(visando reduzir a possibilidade de necrose local).
- Não romper bolhas, pela
possibilidade de gerar uma infecção secundária de origem bacteriana.
- Não garrotear o membro
afetado (para evitar a necrose na região).
- Não sugar o ferimento.
- Não fazer sangria, pois
a peçonha altera o tempo de coagulação e poderá provocar uma grande hemorragia.
- Pode ser administrada
água ao vitimado.
- Simultaneamente ao
atendimento deve ser procurado, identificar e, se possível, capturar o
ofídio conduzindo-o à equipe médica que
possivelmente realizará o tratamento.
- Havendo a possibilidade
de evacuar, em até seis horas, o
indivíduo acidentado até um local onde possa receber tratamento médico
especializado, isto deverá ser feito de
imediato. Ele deverá continuar bebendo água. Caso não haja a expectativa de
resgate em menos de doze horas e não tenha náuseas ou vômitos o indivíduo
poderá consumir alimentos leves, visando fortalecê-lo.
- De qualquer forma,
mesmo que tenha passado o prazo de seis horas, todos os esforços devem ser
feitos no sentido de evacuar o acidentado.
Aranhas e escorpião
-
A exemplo dos acidentes com ofídios, o soro só deverá ser administrado por uma
equipe de saúde.
-
Devem ser administrados sedativos e analgésicos pois a dor, que é o principal
sintoma, deverá ser combatida. Anti-histamínicos terão efeitos coadjuvantes.
-
Compressas quentes devem ser utilizadas, visando reduzir a dor e a inflamação
locais.
-
Sempre que possível o acidentado deverá ser evacuado e conduzido a um centro
médico a fim de receber o tratamento indicado.
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